IPCA e IGP-M: como funcionam os índices que medem a inflação?
As siglas IPCA e IGP-M estão em constante debate por conta da crescente inflação. Para te ajudar a entendê-los, confira nosso conteúdo!
A inflação segue sendo pauta no Brasil. E sempre que vemos notícias sobre este tema nos deparamos com as siglas IPCA e IGP-M . Mas o que elas significam? O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) são os índices utilizados como referência para medir os preços da cesta de bens e serviços, que servem como parâmetro para a análise da inflação. Quer saber mais sobre cada uma dessas siglas? Vamos lá!
O que é IPCA?
O IPCA , desenvolvido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o índice de inflação mais conhecido, pois é o utilizado pelo Governo Federal para medir a inflação oficial do Brasil. Para chegar ao denominador comum que parametriza a inflação no momento, o órgão se baseia nas seguintes informações:
- Famílias com renda mensal entre 1 e 40 salários mínimos;
- Considera as regiões metropolitanas de Salvador, Recife, Fortaleza, Belém, Belo Horizonte, Vitória, São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre, além do Distrito Federal, e os municípios de Rio Branco (AC), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Aracaju (SE) e São Luís (MA);
- A coleta dos preços dos estabelecimentos comerciais e de serviços acontecem, em geral, entre o dia 1º e 30 do mês de referência, com a publicação sendo feita aproximadamente no dia 9 do mês seguinte. Exemplo: o IPCA de setembro é coletado entre os dias 1º e 30 de setembro e é publicado no dia 9 de outubro;
- Analisa, entre outros produtos e serviços, os preços de: arroz, feijão, água, passagem do ônibus, mensalidade e material escolar, dentista, psicólogos, brinquedos, cigarro, costureira etc. São aproximadamente 430 mil preços coletados em 30 mil locais;
- O estudo tem peso proporcional de acordo com a localidade. Exemplo: se uma família consome mais água do que refrigerante, a variação de preço da água é mais relevante no índice.
Para clarear mais a situação, entre 1995 e 2020 o acumulado da inflação é de 447%. Ou seja: se no início de 1995 era possível comprar uma cesta de bens e serviços com R$ 100, no fim de 2020 eram necessários R$ 547 para comprar as mesmas coisas e nas mesmas proporções.
No período da última grande crise brasileira (entre 2014 e 2016), por exemplo, observa-se um pico no índice IPCA, conforme ilustração da última década:
E o IGP-M?
O IGP-M , calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), é uma medida mais abrangente da variação dos preços, pois, diferentemente do IPCA, engloba outras etapas do processo produtivo e não apenas o preço para o consumidor final. Portanto, neste índice a instituição leva em conta o seguinte:
- IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo): 60% de peso;
- IPC (Índice de Preços ao Consumidor): 30% de peso;
- INCC (Índice Nacional de Custo da Construção): 10% de peso.
No IGP-M, a pesquisa é sempre realizada entre o dia 21 de um mês e o dia 20 do subsequente, considerando todas as faixas de rendas. Este índice também é parâmetro para contratos de locação, que o utilizam como métrica para reajustes de preços.
A diferença entre os índices
Você pode estar se perguntando: no último mês o IPCA foi 0,4% e o IGP-M fechou em 1,5%, por que há essa diferença entre os índices? A gente te explica: isso se deve, principalmente, à valorização do dólar.
Como o IGP-M engloba todas as etapas de um processo produtivo, se o dólar sobe, muitos processos encarecem, principalmente, os chamados “comoditizados”, como milho, minério de ferro, entre outros. E, nesse cenário, o produtor brasileiro prefere exportar os produtos do que vendê-los no mercado interno – algo que já é computado no IGP-M, mas não imediatamente no IPCA, que é focado no consumidor final.
Confira abaixo a evolução do IPCA e do IGP-M ano a ano, desde 1995:
IPCA
Fonte: IBGE - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
IGP-M
Fonte: FGV - Fundação Getulio Vargas
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